quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Querido diário, querido esconderijo.


Minha mãe diz que quando eu era pequenininha eu era assim: brincava, brincava, brincava e depois me escondia. Tanto dentro do armário, como em baixo da cama, eu sempre tinha que ter um esconderijo. As vezes eu ia pra detrás do sofá ou pra debaixo da mesa e ficava lá até ter vontade de voltar para o mundo de novo. E isso podia demorar meia, uma ou até duas horas. Minhas bonecas eram minhas amigas e eu as tratava como tal. Se não queria brincar com elas, fingia que tava de mal... Mas não ficava de mal mais do que um dia. De quem eu nunca ficava de mal era dos meus amigos imaginários, quem nunca teve um? Eu tinha dois, ou melhor, duas... Duas pulguinhas. Andava com elas pra lá e pra cá e podia brincar e conversar com elas o dia todo. Ah, como era divertido!

Eu morava num prédio enorme, um condomínio de 5 prédios... Tinha até lanchonete lá dentro! Pra mim, aquilo tudo era tão grande, que era maior que o mundo. Não lembro de ter amigos lá no prédio, eu devia ser meio tímida. Ou os outros que achavam estranha aquela menina loirinha falando sozinha, fazendo conchinha com as mãos, como se carregasse alguma coisa nelas (no caso eram duas coisas, as pulguinhas).

Sempre gostei muito de animais, até das formigas. Eu as pegava, e as guardava dentro de uma caixa. A caixa tinha um fundo de terra, umas folhas, um punhadinho de açúcar, e uns furinhos, bem pequenininhos, na tampa. Tudo pensado para que elas conseguissem sobreviver, mas elas nunca duravam mais do que uma semana. Nunca soube o que eu fazia de errado, talvez elas morressem de solidão... Cheguei a essa conclusão e passei a guardar várias formigas juntas, só que também não funcionou. Esse meu amor pelas formigas acabou logo. Um dia, eu fui repor o punhadinho de açúcar no canto da caixa e uma das minhas amigas me picou. Fiquei sabendo da minha alergia da pior maneira. Depois disso, dei adeus as formigas e depositava todo o meu amor pelos animais nos meus bichinhos de pelúcia. Todos tinham nomes e camas. Uns até namoravam... Hoje ainda tenho amor pelos bichinhos de pelúcia, mas eu prefiro as minhas cachorras, quando é de verdade é sempre mais legal né?

Sempre tive um espírito empreendedor. Minha mãe fala que eu fazia bijuterias, descia os banquinhos lá de casa e montava a minha barraquinha no prédio. E até que eu conseguia ganhar o meu dinheirinho... Já cheguei a juntar até dez reais!. Para a minha idade e para as minhas bijuterias, era muito. Eu as achava linda, mas agora acho que as pessoas compravam pra fazer um agradinho.

Gastava todo o dinheiro que eu conseguia em sorvetes, lá na lanchonete do prédio. Sempre foi mais gostoso tomar os sorvetes comprados com o meu próprio dinheirinho. Eu era conhecida lá na lanchonete do prédio. O nome do dono tinha alguma coisa a ver com índio, acho que eu me identificava, vivia lá. Fui crescendo, e parei de descer com tanta freqüência no parquinho do prédio. A escola começou a ficar mais difícil e no máximo eu ia na piscina durante a tarde. Mas não gostava muito não, tinha vergonha de ficar sozinha lá em baixo, enquanto o resto do pessoal tinha o seu pessoal. O tempo passou, e eu me mudei... Mas quantas saudades eu sinto daquela época!

3 comentários:

  1. Tatá, sua infância foi mágica....e o mais mágico é que você ainda traz a inocência e a delicadeza da loirinha q andava com as formigas na mão!
    Te amo.

    ResponderExcluir
  2. esse é o melhor post. é bom de ler ele, rs

    ResponderExcluir
  3. esse é o melhor post. é bom de ler ele, rs 2

    ResponderExcluir