quinta-feira, 12 de maio de 2016

no inverno posso ser verão
ser um só e ser camaleão
posso estar por um segundo
posso dominar o mundo
eu não
eu só quero ir fundo nesse mar
e dançar no espaço secular
eu só quero estar no meu lugar
aqui


Mil coisas pra falar, e um certo desajeito. Tenho vergonha.
Percebo que em 6 anos tudo e nada mudou. Eu mudei e não mudei.
Mudei.
Me percebo menos resolvida, mais cheia de dúvidas... talvez menos feliz?
Tenho mais problemas, mais amigos, mais trabalho, mais dores de cabeça e menos tempo pra fugir disso tudo. É, seis anos, setenta e dois meses, dois mil cento e noventa dias, uma porrada de horas e um mesmo EU - mais velho, mais inseguro.
Dois mil cento e noventa dias da mesma ladainha.
Como resolver? Resolver? E agora ter dúvida é problema?
Aos 15, afundada em dramas que me pareciam fatais, não queria resolver as minhas dúvidas.
Dois mil cento e noventa dias mais velha e eu tenho que aprender com o eu de dois mil cento e noventa dias atrás.
Cadê meu jogo do contente? Eu acho que de tanto procurar alegria em tristeza ele acabou virando uma paranoia.
Eu tenho de ser feliz o tempo todo - penso, e esqueço que ser triste as vezes é saudável. Felicidade é contraste. Felicidade é efêmera. Felicidade é abstrata. E eu quero poder ficar triste um pouco. Poder chorar, poder reclamar, poder botar pra fora essa insatisfação... pra tentar entender de onde ela vem
e pra onde
ela vai.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A lua se vai. Tem alguém mais importante vindo e ela vê que o seu trabalho não é mais preciso. Sente inveja. Quem não tem inveja dele? Imponente, decide entrar. O barulho das ondas que batem nas pedras soam como aplausos. Aplausos que todas as pessoas que o comtemplam queriam dar, mas não o fazem, estão hipnotizados. Os passarinhos cantam como pequenos fofoqueiros, contando uns aos outros o que veem. E o vento, ah, o vento chega rasgando, imitando tambores anunciando a chegada daquele que esquenta todos nós. E eu? Eu aperto os olhos na vontade de enchergar tudo. Ele se esconde no meio de tanto brilho e faz com que sua chegada seja ainda mais interessante. Misterioso.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Cidade menina.

Era uma vez uma menina chamada São Paulo. Nasceu criança, pulou a infãncia, chegou na adolescência e dela não saiu mais. Geniosa, vaidosa, bonita e feia ao mesmo tempo. A alimentaram demais e ela, assim, cresceu desproporcional, continua crescendo. Se acha importante e é importante até demais, líder do seu grupo de cidadesamigas. Viveu muita coisa, e assim amadureceu rápido, à força.

Conheci São paulo há pouco tempo.1994, cheguei na adolescência, São Paulo moça. Não me lembro, nasci e atingi em cheio seu coração, Avenida Paulista. Ainda assim, chegando no coração, não sei que sentimento ela nutre por mim. São Paulo inconstante, como sempre, as vezes me trata com indiferença, não mostrando que se importa comigo e com os outros que dividem essa vontade de conquistá-la. Hora de bom humor, nos dando lindos sorrizos –quentes- de raios de sol, hora de mal humor, invejosa, molhando a felicidade alheia com garoas intermináveis.

Aos poucos fui conhecendo São paulo. Nem sempre ela ajudava, mostrando-se infinita na maioria das vezes. Até que um dia, encontrei seu fim. Descobri que a minha mãe, e muitos adultos, assim como fogem da responsabilidade de criar um adolescente, fugiam de São Paulo aos fins de semana. É bom dar um tempo de toda a confusão que a cidade menina tem, mas eu confesso que não consigo abandoná-la por muitos dias. Tenho sempre uma vontade de voltar e saber o que está acontecendo. Como qualquer adolescente, ela é cheia de novidades.

Entre praças e prédios, museus e lugares histórios, bairros e bairros e bairros, fui me achando e crescendo. Descobrindo junto com São paulo as coisas boas da vida (e também as não tão boas assim). Descobri que não conheço São paulo nem pela metade. E que por mais fria e alheia que essa cidade possa ser, é nela que eu encontrei o meu lugar favorito. Na minha casa eu converso com São Paulo, trocamos novidades, discutimos a relação.. e só depois de sair dela me sinto pronta e confiante pra encarar tudo denovo. Minha relação com São Paulo melhora a cada dia. Percebo que ela pode ser a minha melhor amiga, se assim eu quiser e que cuidando bem dela posso continuar aqui por mais 15 ou 100 anos.

sábado, 15 de maio de 2010



Ela é feliz, talvez porque sabe que as coisas não vão mudar tão rápido, talvez porque tem uma certeza tão grande de que ninguém mais, além dela, é a melhor pessoa pra ele (tem certeza?). Ela acorda com o despertador e veste suas roupas como se não quisesse vestir. Veste verde, sua cor preferida, talvez para tentar se sentir um pouco melhor. Toma seu café e sente como se aquela quentura do líquido esquentasse também seu coração. Está pronta para sair e... Bom, Não faz muita coisa além de pensar nele. Não sente muitas coisas além de saudade quando ele não está por perto. Volta pra casa, numa noite fria. Veste seu pijama, aquele meio rasgado, só pra dormir ou ver o tempo passar. Não sabe mais se é para estar feliz ou triste. Ele não está em casa. Ela liga, cai na caixa postal, pensa em falar alguma coisa mas a única coisa que deixa é um suspiro, em dois segundos de mensagem. Outro dia amanhece, ele tinha ligado e ela sorri.Veste uma calça e uma blusa decotada, talvez para facilitar a retirada do seu coração. Eles se encontram e ele retira. Arranca o coração dela e com mais algumas palavras consegue enterrá-lo debaixo do piso do restaurante. Ela olha pra baixo, como se procurasse o que perdeu. Ele levanta e sai, olha pra trás como se quisesse dizer mais alguma coisa, mas suspira e se retira de vez.
Ela olha pra frente, se levanta e veste seu casaco, fechando o botão até o último. Faz um esforço pra andar e consegue chegar em casa. Bota o pijama rasgado denovo, se olha no espelho e depois revira gaveta por gaveta em busca daquele pijama rosa florido. Veste. Se olha no espelho novamente e se vê sorrindo. Está feliz, talvez porque sabe que algumas mudanças são boas, talvez porque tem uma certeza tão grande de que ninguém mais, além dela, é a melhor pessoa pra ele.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Desamor.


O tempo passa, mas eu custo a acreditar que passou. Que você passou, e se foi. Saiu daqui.
Era tudo tão grande, que agora que não existe mais eu sinto aquele vazio. Um vazio tão grande que dói mais do que a dor que eu sentia quando te queria por perto. E você não estava. Nunca esteve.
Mudei tanto os meus pensamentos sobre as coisas... Sobre você, sobre o que aconteceu. E foi assim, do dia pra noite que aconteceu.
Eu não te amo mais. Eu não te quero mais. Eu não te quero por perto. Eu quero meu coração de volta, devolve! Devolve que parte dele se perdeu com você... e está fazendo falta.
Está errado quem diz que não amar é melhor do que amar e não ser amado. Quem diz isso não sabe o que eu sinto agora e não sabe também o que eu sentia antes.
Não te odeio. Eu te desamo. Não é culpa minha, não fui eu quem escolhi. Tenho certeza que se eu pudesse escolher, escolheria amar... amar, te amar. Te amar até as últuimas consequências e nunca deixar esse vazio todo tomar conta de mim.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

E vou vivendo...


Eu mudo pra caramba. Minhas roupas, meu cabelo, minhas visões sobre as coisas, meus amores, meus desgostos, minhas músicas.

Não consigo entender aquelas pessoas que não mudam. Ficam no mesmo emprego durante anos, com o mesmo corte de cabelo e se relacionando com as mesmas pessoas.

Outro dia mesmo eu estava no ônibus e encontrei uma menina que tinha estudado comigo a uns anos atrás. Estava igualzinha antes. Ela não me reconheceu, e eu tenho que confessar que gostei disso.

Já mudei 9 vezes de casa. O lado bom disso são as histórias, e bota história nisso! O papel de parede horrendo arrancado com a mão do prédio da Aimberê; a minha babá má, que me fazia comer espinafre todo dia e recolher todos os lápis de cor de baixo do sofá, lá na Aldeia da Serra; minhas fugas por cima do muro do prédio na Caiowaa; o cheiro de coisa velha do armário da casa do meu avô...

O lado ruim é que eu não fiquei tempo suficiente em nenhum desses lugares até eles ficarem com o meu cheiro. Sou muito encanada com os cheiros das coisas. E das pessoas também. Não costumo gostar de alguém que use um perfume que não me agrada. Nada pessoal, só não gosto de ficar perto. Pode ser que seja um exagero meu, mas em que eu não exagero? Minha vida toda sempre foi baseada em exageros. Ou eu estou bem ou eu estou mal, sem meio termo. Exagero na hora de fazer o prato de comida, de me emocionar com um filme, de amar alguém, de não gostar de alguém, de contar histórias... Quem sabe metade desse texto não foi puro exagero? O ponto é, exagerando, mudando, eu vou vivendo, e vivendo muito muito muito mais do que qualquer realista por aí.