quinta-feira, 8 de abril de 2010

E vou vivendo...


Eu mudo pra caramba. Minhas roupas, meu cabelo, minhas visões sobre as coisas, meus amores, meus desgostos, minhas músicas.

Não consigo entender aquelas pessoas que não mudam. Ficam no mesmo emprego durante anos, com o mesmo corte de cabelo e se relacionando com as mesmas pessoas.

Outro dia mesmo eu estava no ônibus e encontrei uma menina que tinha estudado comigo a uns anos atrás. Estava igualzinha antes. Ela não me reconheceu, e eu tenho que confessar que gostei disso.

Já mudei 9 vezes de casa. O lado bom disso são as histórias, e bota história nisso! O papel de parede horrendo arrancado com a mão do prédio da Aimberê; a minha babá má, que me fazia comer espinafre todo dia e recolher todos os lápis de cor de baixo do sofá, lá na Aldeia da Serra; minhas fugas por cima do muro do prédio na Caiowaa; o cheiro de coisa velha do armário da casa do meu avô...

O lado ruim é que eu não fiquei tempo suficiente em nenhum desses lugares até eles ficarem com o meu cheiro. Sou muito encanada com os cheiros das coisas. E das pessoas também. Não costumo gostar de alguém que use um perfume que não me agrada. Nada pessoal, só não gosto de ficar perto. Pode ser que seja um exagero meu, mas em que eu não exagero? Minha vida toda sempre foi baseada em exageros. Ou eu estou bem ou eu estou mal, sem meio termo. Exagero na hora de fazer o prato de comida, de me emocionar com um filme, de amar alguém, de não gostar de alguém, de contar histórias... Quem sabe metade desse texto não foi puro exagero? O ponto é, exagerando, mudando, eu vou vivendo, e vivendo muito muito muito mais do que qualquer realista por aí.

4 comentários:

  1. (eu queria fazer um comentário um pouco mais útil do que esse que eu fiz, mas não sei, não sabia muito bem o que dizer; fui lendo o teu texto e fui de certa forma me identificando, e aí chegou o fim, um fim meio que eu não queria que chegasse porque estar lendo estava bom; mas aí chegou, e eu me senti na obrigação de escrever alguma coisa; alguma coisa bonita, ou que complementasse o que você disse. Mas não encontrei nada. Entao foi isso "nossa, tainá, gostei muito". Eu li depois e não parecia que aquela pessoa tinha realmente gostado muito. Mas é verdade, eu gostei muito de verdade)

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  2. Muito bom, temos algo em comum, tenho apenas 16 anos e já me mudei 7 vezes, estou sempre mudando ou ampliando, ampliando nos gostos, mudando no pensamento, penso muito, critico muito, vejo muito. Outra coisa que temos em comum é sermos fissurados nos cheiros, quem nunca pegou um peça de roupa da pessoa que gosta, quando estava com saudades, e cheirou? Quem não sente falta do cheiro da casa da vó? Ou então o cheiro de um doce da infância?

    Gosto muito de seus posts, me identifico, é muito difícil achar pessoas que pensem como eu, não sei se sofre do mesmo problemas, mas por sermos parecidos presumo que sofra, abraços, até a próxima.

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  3. Gostei do texto. Gosto muito de mudar também. Mais do que gosto, acho necessário para estar bem comigo mesma. E é engraçado pensar como têm pessoas que passam a vida inteira sem mudar nada, talvez por medo, quem sabe.

    Gostei do seu blog. Depois dá uma passada no meu também.
    http://so-letras.blogspot.com/

    Beijos

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